Para amar poesia, recito e receito Leminski
Quem ainda tem certa resistência a ler poesia, ou por achar que caiu em desuso ou por se lembrar, meio encabulado, daqueles versos bobos da época da escola, eu receito Paulo Leminski várias vezes ao dia. Ou recito, pelo menos três poeminhas dele, para ficar combinado que poesia é uma brincadeira de ideias e palavras que, a cada leitura, nos toca de uma forma diferente.
Leminski (1944-1989) nasceu em Curitiba. Apesar da ascendência polonesa, taí o jeitão dele asiático. Para completar, ele amava os hai-kais, tradicionais poemas japoneses.
Incenso fosse música
Leminski (1944-1989) nasceu em Curitiba. Apesar da ascendência polonesa, taí o jeitão dele asiático. Para completar, ele amava os hai-kais, tradicionais poemas japoneses.
Erra uma vez
nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez
(do livro La vie en close)
Incenso fosse música
isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além
(do livro Ais ou menos)
Razão de ser
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
e as estrelas lá no céu
lembram letras no papel,
quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
(do livro Ais ou menos)
Perfeito! Eu amo poemas! E já tempos senti falta disso
ResponderExcluirQue maravilha. Quem nunca leu Leminski não sabe o que está perdendo. Belo texto, Bete.
ResponderExcluir