Decameron: a humanidade em contos bem-humorados
Escrito no século XIV por Giovanni Boccaccio, Decameron, ou Decamerão, dependendo da tradução, é um livro que reúne 100 novelas (ou contos) com personagens italianos que vivem situações eróticas, aplicam golpes, dão lições em mentirosos e satirizam o comportamento de religiosos. O autor usar o horror da Peste Negra como justificativa para reunir dez jovens em um castelo afastado da cidade e, assim, iniciar as “jornadas” diárias, em que cada amigo deve contar uma história.
Na introdução de Decameron, é descrita a situação em
Florença com a chegada da epidemia, dos sintomas ao comportamento das pessoas,
além do que se via nas ruas com o passar dos dias. Dali, parte-se para uma
igreja, um dos lugares de refúgio do povo, onde sete amigas de origem abastada decidem
se isolar daquela situação, e convidam três rapazes para acompanhá-las. Nesse
escapismo à tragédia que assolava a Europa, a cada dia um é escolhido como o
novo rei ou a nova rainha, que determina, entre outras coisas, o tema da
jornada do dia, utilizando o tempo livre para se divertir com os relatos dos
amigos.
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Giovanne Bocaccio (1313-1375) viveu na região da Toscana, e
sua obra foi escrita no dialeto local. Decamerone,
no original, vem do grego “deca hemeron”, ou dez jornadas. Ao retratar as mulheres,
muitas vezes, em pé de igualdade com os homens quando o assunto é o desejo
carnal, o livro rompe com a moral vigente até então, na Idade Média, período da
História que termina justamente com a Peste Negra. Por esse e outros aspectos, é considerado
pelos estudiosos como o primeiro livro realista.
Especula-se que algumas histórias reunidas por Boccaccio já faziam
parte da tradição oral, outras são apontadas como adaptações de antigos
escritos. Tanto que algumas situações nos parecem familiar, como a novela em
que dois amigos fazem um trato que obriga aquele que morrer primeiro a aparecer
para o outro e contar o que viu do lado de lá. A graça está em como o autor
termina essa e outras histórias, que podem ter sido contadas antes e que muitas
vezes foram adaptadas depois, por diversos autores.
"Afirmo, portanto, que tínhamos atingido já o ano (...) de 1348, quando, na mui excelsa cidade de Florença (...), sobreveio a mortífera pestilência", narra Boccaccio. A epidemia levou muitos, mas Masetto, Andreuccio e outros personagens passaram a perna em homens, mulheres e na dona Morte.
(ilustração da abertura: Lyudmyla Korzh-Radko)
"Afirmo, portanto, que tínhamos atingido já o ano (...) de 1348, quando, na mui excelsa cidade de Florença (...), sobreveio a mortífera pestilência", narra Boccaccio. A epidemia levou muitos, mas Masetto, Andreuccio e outros personagens passaram a perna em homens, mulheres e na dona Morte.
(ilustração da abertura: Lyudmyla Korzh-Radko)
Que maravilha!
ResponderExcluirÓtima lembrança para releitura!!!
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