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Filme A Livraria: um sonho e muitos obstáculos

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Filmes sobre livros geralmente são aconchegantes, emocionantes e nos fazem refletir sobre a sociedade. Não é diferente com A Livraria (The Bookstore), lançado nos cinemas daqui em 2018 e agora disponível na Netflix. Revendo três anos depois, a emoção que tive foi a mesma. E as mensagens também: sonho sem coragem não é digno de ser chamado de sonho; não se deixe levar por bajulações; se uma ação nossa mudar uma única vida, já valeu a pena.   Baseado no livro de mesmo nome, da premiada autora inglesa Penelope Fitzgerald (1916-2000), que também trabalhou em uma livraria, o filme mostra a viúva Florence Green (Emily Mortimer) dando início ao sonho de abrir sua loja literária em uma vila inglesa, nos fim dos anos de 1950. Conforme vai conhecendo alguns moradores do local, ela vai percebendo que seu maior inimigo não é a umidade do casarão abandonado que acabou de alugar ou a falta de hábito da população de consumir sua mercadoria. É a vaidade dos que se consideram poderosos, e acab...

Meu Top 3 de 2020

  Uma característica desse blog é dar espaço para livros de qualquer época, não só os recém lançados. Então, não estranhem meu Top 3. Um livro não precisa ser considerado clássico ou estar na lista dos mais vendidos para ser citado. Compro, ganho, pego emprestado, descubro e redescubro livros, sem um roteiro. Espero que eles sirvam como sugestão para as leitura de 2021! 3 - O FILHO DE MIL HOMENS , de Valter Hugo Mãe. A obra de 2015 ganhou uma edição linda este ano, pelo selo Biblioteca Azul, da editora Globo, com ilustrações de Agostinho Santos e prefácio do escritor argentino Alberto Manguel. Quem poderia descrever tão bem uma história de esperança e amor de um pescador que vive à beira do mar, senão um navegante português das mais belas palavras, como Hugo Mãe? O solitário Crisóstomo sonha em ser pai; em outros vilarejos, outros personagens também sonham com o preenchimento de algum tipo de amor. Mas têm que lidar com a hipocrisia e egoísmo que se vê em sociedades de qualquer tam...

Sexta-feira, que tal uma tirinha de Calvin?

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  Reprodução do Instagram Calvin e Haroldo eternos.

A Lava Jato de cada um - Geopolítica da Intervenção

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  É visível que existem várias imagens do que é a Operação Lava Jato no imaginário brasileiro. Talvez por sermos contemporâneos, sem distanciamento para analisar suas minúcias, ou porque é um jogo de xadrez intrincado, com diversos atores políticos, ou ainda porque nos últimos tempos ficamos mais passionais em defender lados, como se fôssemos os autores, e não expectadores de tudo o que está acontecendo no cenário político desde que começou a operação, em 2014. Pois eis que surge uma versão de tudo isso, sob um olhar jurídico e histórico: Geopolítica da Intervenção - A verdadeira História da Lava Jato, de Fernando Augusto Fernandes (Geração Editorial, 464 páginas). Ainda que o autor, advogado e cientista político, francamente torça por um dos lados do tabuleiro - ele foi o autor do pedido de habeas corpus que tirou o ex-presidente Lula da prisão, em 2018 - Fernandes recorre a muitos documentos, matérias jornalísticas, vídeos disponíveis na internet e à memória de quem não foi mero...

"Viver ultrapassa qualquer entendimento"

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Resolvi reativar meu blog sobre Literatura no dia do aniversário de Clarice Lispector, uma homenagem e uma forma de estar próxima dos deuses das boas palavras. O texto abaixo foi publicado em 16/08/20, no jornal O Dia. A bela ilustração é de Francisco Silva (Kiko). Antecipamos aqui que, em dezembro deste ano, será o centenário de nascimento da encantadora de leitores Clarice Lispector, dona de um rol de admiradores que se renova a cada geração. Ela nos deixou em 1977, mas está bem viva. Às vezes, até se multiplicando: vez por outra, pipocam frases nas redes sociais de outros autores, mas atribuídas a ela. E vira quase uma chancela: 'Se é Clarice, é bom'. Quem já leu (a autêntica), ama. E para quem (ainda) não leu, dê uma chance a essa brasileira nascida na Ucrânia, que passou a infância em Maceió e Recife e se tornou adulta no Rio, onde se aventurou em jornais como cronista e contista e lançou livros de diversos estilos, do romance ao infantil. Pronto! Já não pode dizer que não...

Argo, um resgate cinematográfico

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Não costumo comprar um livo só porque ganhou Oscar, ainda mais tendo cena do filme na capa. Mas como tinha gostado da história de Argo, dirigido e estrelado por Ben Affleck e vencedor do Oscar de melhor filme e do Globo de Ouro em 2013, vamos lá. O livro Argo (Editora Intrínseca, 256 páginas)  traz as memórias do agente da CIA Antonio Mendez, que contou com a colaboração do jornalista Matt Baglio para contar uma história de resgate cinematográfico durante o conflito Irã-EUA: o caso de seis diplomatas que conseguiram escapar do cerco dos rebeldes iranianos, que invadiram a embaixada americana em Teerã, em 1979. Com a ajuda do serviço secreto, de amigos de Hollywood e do Canadá, o sexteto conseguiu voltar para casa, ao contrário dos outros 53 americanos que foram mantidos reféns por mais de um ano. Bem antes de Mendez chegar à Teerã, com tudo esquematizado para tirar os americanos sem serem descobertos, o que é o grosso do filme, no livro ele conta bem mais detalhes do seu tr...

Cecília em prosa

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Lindo trecho da crônica Aquele mundo que perdemos , de Cecília Meireles. O texto faz parte do livro Episódio   humano , que reúne textos da autora publicados no periódico carioca O Jornal , nos anos de 1929 e 1930.