Filme A Livraria: um sonho e muitos obstáculos
Filmes sobre livros geralmente são aconchegantes, emocionantes e nos fazem refletir sobre a sociedade. Não é diferente com A Livraria (The Bookstore), lançado nos cinemas daqui em 2018 e agora disponível na Netflix. Revendo três anos depois, a emoção que tive foi a mesma. E as mensagens também: sonho sem coragem não é digno de ser chamado de sonho; não se deixe levar por bajulações; se uma ação nossa mudar uma única vida, já valeu a pena.
Baseado no livro de mesmo nome, da premiada autora inglesa Penelope Fitzgerald (1916-2000), que também trabalhou em uma livraria, o filme mostra a viúva Florence Green (Emily Mortimer) dando início ao sonho de abrir sua loja literária em uma vila inglesa, nos fim dos anos de 1950. Conforme vai conhecendo alguns moradores do local, ela vai percebendo que seu maior inimigo não é a umidade do casarão abandonado que acabou de alugar ou a falta de hábito da população de consumir sua mercadoria. É a vaidade dos que se consideram poderosos, e acabam sendo. E que por trás de uma capa de "mecenas" existem muitos inimigos da cultura e do progresso local.
Fora isso, o filme mostra como é difícil mudar costumes e pensamentos petrificados de determinada comunidade. O novo assusta, é visto como perigoso, inútil ou ridículo. Por isso que muitos pioneiros que estudamos na escola tiveram fama de loucos... ou isso, ou a chave não virava em determinado momento. Mas Florence não se faz de doida. Simplesmente, vai seguindo (homenageando aqui Jane Austen) sua razão e sensibilidade.Interessante ver livros hoje consagrados causando as primeiras impressões em Florence e em seu maior aliado no vilarejo, o recluso Edmundo Brundish (vivido pelo maravilhoso e saudoso Bill Nighy). Ela lhe apresenta, por exemplo, Ray Bradbury (que me fez querer conhecer mais) e a Lolita de Charles Bukowski - lançado na época como algo escandaloso.
Florence, com Edmund e a sua ajudante mirim, Christine (Honor Kneafsey), vão mostrando, cada um de um jeito, como os livros são a grande tábua flutuante no meio de tanto cinismo, ignorância ou covardia. E que as marcas que um livro deixa nunca saem da gente 💛
Alguns livros citados: Crônicas Marcianas, Fahrenheit 451 e Licor de Dente de Leão, de Ray Bradbury; Lolita, de Charles Bukowski; Um Ciclone na Jamaica, de Richard Hughes; Orgulho e Preconceito, de Jane Austen.
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